novamente é verão abaixo do equador novamente veremos debaixo do sol as variedades dos filmes antigos saberemos o nome dos ventos sorrisos muito brancos dores coloridas amores impossíveis segundo os almanaques colhem-se feijão milho abóbora e manga não se cortam madeiras nem se deitam galinhas ou outras aves as ruas avenidas e ônibus tornam-se insuportáveis como já sabiam os índios daqui que não faziam cidades
Ontem à noite, eu e você, em plena cumplicidade em vez de fechar as janelas como todo mundo faz deixamos as nossas abertas só pra ver o que ia dar.
Deu nisso: varreu as ruas um vento saído de nossas janelas, de dentro de nossas gavetas onde nós há tanto tempo guardávamos tempestades pra algum dia especial (que acabou sendo ontem). O vento levou pedaços de céu que atravancavam nossos sóbrios conjugados; enormes nuvens incômodas rolaram janela afora feito lerdos paquidermes e se esparramaram a valer. O ar fresco inesperado de nossos apartamentos causou transtornos na rua: os transeuntes, coitados, tossiam intoxicados por excesso de oxigênio; cambaleavam às tontas pelas calçadas vazias.
Fui eu o primeiro a jogar em baldes pela janela a água clara que jorrava de fontes desconhecidas em áreas inexploradas sob a cama e atrás do armário, mas foi você quem soltou do alto do oitavo andar as primeiras plantas aquáticas, os peixes, répteis e aves; eu, porém, instituí o pêlo e o viviparismo dos mamíferos essenciais.
E como as ruas já estavam inteiramente povoadas, e como já os postes da Light todos tinham evoluído em árvores colossais, e como ainda não eram nem três horas da manhã e já estava terminado o grosso da Criação, descemos até a rua em busca de um bar aberto. No primeiro que encontramos nossos milagres caseiros eram o assunto geral; e nós, sedentos e incógnitos, pedimos duas cervejas e ficamos contemplando sem espanto nem orgulho a grama tenra e miúda que brotava a nossos pés.
CAMBIAR DE IDIOMA POUR PROVOQUER SISTÉMATIQUEMENT LE DELIRE MANTRA DO DIA: E é para além do mar a ansiada ilha. O poeta carrega um estandarte escrito: SOU SEMPRE DOIDO. CAMBIAR DE COR. água de la mar. Yo cargo en mi corazón las imagenes del EDEN mi alma incendida como um carbón cada toda manhã sento na beira da lagoa e deixo o verde dos montes e o reflexo do espelho se estampar em minha cara. esta lagoa que trago dentro do peito. hoguera. minha alma = meu rosto. Simples e calmo mas não alegre nem triste: inexistente. não ME sinto: "sou" feixe de sentidos. Todas as coisas depois de feitas compõem um movimento insuficiente – tomar ar – 1 passo atrás 2 na frente 2 passos atrás 1 na frente 1 passo atrás 2 na frente 2 passos atrás 2 na frente – tomar ar – provocar um movimento superior da minha alma. Tomo os céus e despenco e torno a tomar Evitar que minha cara minhas cartas meu papo minha figura se transformem em crítica maniqueísta de pessoas-situações: "O reino da sorridência e o tema do traidor". Coragem é CAMBIAR de coração para a alma não ter sede onde pausar: ERRAR. errar e perseverar no erro. errar e não perseverar no erro. NÃO ERRAR. Descer aos infernos e tornar afiada a fileira que desde o Rio das Contas venho enfiando TORNAR AOS CÉUS TOMAR OS CÉUS DE ASSALTO O céu retirado como livro que se enrola o céu reti- rado como livro que se enrola o céu retirado como livro que se enrola o céu retirado como livro que se enrola o céu retirado como livro que se enrola o céu retirado como livro que se enrola o céu retira- do como livro que se enrola
não consigo encontrar um lugar apropriado para o fim. o tempo entrou em coma, perdi minhas memórias e nem percebi
um breve instante foi um presente que eu ganhei, mas ainda não abri tempo perfeito não deixa sobras no futuro igual a mim, igualzinho a mim igual a mim...
qualquer um que fotografar os pesadelos de quem não volta a dormir vai andar olhando pro céu pois vai sempre estar a um passo de cair
um breve instante foi um presente que eu ganhei, mas ainda não abri seguindo em frente então sem memória e sem futuro é melhor assim, bem melhor assim, é o melhor pra mim...